quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Parquinho

          Frequentávamos o Parque da Jaqueira, lá eu aprendi a andar de bicicleta. Ainda me lembro do primeiro tombo. Foi tentando dar a volta que me estatelei no chão. Eu tinha sete anos de idade e retroceder já era bem arriscado.
     Gostava daquele lugar. Especialmente se me deixavam ficar no parquinho. Minha mãe conversando com as outras mães sobre assuntos de mãe, e eu no parquinho. Também gostava das outras mães; elas impediam que nós voltássemos para casa cedo. Dava tempo de andar de bicicleta e brincar no parquinho.
     Eu amava minha bicicleta; mas não sabia fazer a volta. Pedalei tão rápido, certa vez, que devo ter corrido o parque inteiro sem minha mãe perceber. Descobri naquele dia que o meu parquinho não era único. Havia tantos outros ali perto: O dos nanicos, onde balanço era baixo e o escorrego não tinha graça; o dos grandes que eram pouco maiores do que eu; o dos grandes de verdade; o dos maiores, nesse eu só poderia brincar quando crescesse.
     Desde então, eu esperava ficar grande para brincar com os grandes no parquinho maior. Aqueles sim eram brinquedos de verdade. Mas o meu interesse por gangorras, escorregos e balanços, não durou tanto tempo assim.
     Estou crescendo. Ainda cortamos caminho pelo Parque da Jaqueira. Eu tenho uma nova bicicleta que se parece muito com a antiga e, é como se a bicicleta tivesse crescido também.
     Gosto de sair com a minha mãe. Não tenho absolutamente nada contra parquinhos ou coisas do gênero; ela também não.
     — Bhrbrhl! Cadê o cavalinho?
     — Mãe, ele não vai te responder.
     Às vezes parece que nós dois trocamos de lugar. Eu até emprestaria a bicicleta para ela descobrir o Parque, mas tenho ciúme. Logo agora que aprendi a dar a volta?!

Dedicado a Bruna Carneiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário