sábado, 1 de novembro de 2014

Separação

          Um pouco mais de uísque, quem sabe, um pouco mais de tempo, e ficaríamos bem. Sempre nos precipitamos.
     — Adeus. — disse ela, me entregando as chaves.
     Estendi-lhe os braços.
     — Mas, querida...
     — Acabou! — reclamou histérica.
     Dei de ombros me sentindo um grandessíssimo idiota e chorei de rir perante tamanha desgraça que me pareceu, naquela hora, inconcebível.
     — Você que sabe. — resmunguei com pouca entonação.
     Virou as costas, baixei a vista; mas eu ainda pude ouvi-la chorar, prender o choro, bater a porta, descer a escada... Estou acabado, pensei. Agora sim estou acabado.
     Peguei meu copo, ainda quase cheio, e encostei-me à janela a tempo de vê-la dobrar a esquina. Pensei em gritar seu nome, só pensei, em ir atrás dela, mas não o fiz. Fiquei parado como um débil. Foi quando me tornei infeliz.

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